Dra. Juliana Borelli

Querida paciente,

Antes de mais nada, parabéns pela gestação! Sabemos que a descoberta de uma gravidez traz muitas expectativas, e quando se trata de uma gestação gemelar, as dúvidas e os cuidados podem ser ainda maiores. Como obstetra, gostaria de orientá-la a respeito do que é uma gestação gemelar, seus tipos, como ocorre, e outros aspectos importantes que envolvem essa experiência especial.

O que é a gestação gemelar?

gemeos na barriga da mãe. gestação gemelar

A gestação gemelar ocorre quando há o desenvolvimento de dois fetos no útero materno ao mesmo tempo. Essa situação é mais rara do que a gestação de feto único, mas sua incidência tem aumentado nos últimos anos, em grande parte devido ao uso de técnicas de reprodução assistida e à idade mais avançada com que algumas mulheres engravidam. O desenvolvimento simultâneo de dois bebês pode ocorrer de diferentes maneiras, dependendo de como se dá a fecundação dos óvulos.

Como ocorre a gestação gemelar?

A gestação gemelar pode acontecer por dois mecanismos principais:

  1. Gemelares monozigóticos (ou idênticos): Esses gêmeos se formam quando um único óvulo é fecundado por um espermatozoide e, durante o processo de divisão celular nas primeiras etapas do desenvolvimento embrionário, o embrião se divide em dois. Como os dois bebês vêm do mesmo óvulo e espermatozoide, eles compartilham o mesmo material genético. Dessa forma, os gêmeos monozigóticos têm o mesmo sexo e aparência bastante similar.
  2. Gemelares dizigóticos (ou fraternos): Já os gêmeos dizigóticos acontecem quando dois óvulos são fecundados por dois espermatozoides diferentes no mesmo ciclo menstrual. Esses gêmeos são geneticamente distintos e podem ou não ser do mesmo sexo. A aparência física deles também pode variar, de modo semelhante a irmãos nascidos em diferentes gestações.

Tipos de gestações gemelares

Além da distinção entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos, existem diferentes tipos de gestações gemelares, principalmente entre os monozigóticos, dependendo do momento em que o embrião se divide. As principais categorias são:

  1. Gestação monocoriônica-monoamniótica: Os gêmeos compartilham a mesma placenta e a mesma bolsa amniótica. Esse é o tipo mais raro e, por vezes, mais arriscado, devido à possibilidade de complicações, como o entrelaçamento dos cordões umbilicais.
  2. Gestação monocoriônica-diamniótica: Aqui, os gêmeos compartilham a mesma placenta, mas têm bolsas amnióticas separadas. Esse tipo de gestação é mais comum entre os monozigóticos e apresenta alguns riscos, mas a separação das bolsas amnióticas reduz a chance de entrelaçamento dos cordões.
  3. Gestação dicoriônica-diamniótica: É a forma mais comum de gêmeos dizigóticos, em que cada bebê tem sua própria placenta e bolsa amniótica. Isso ocorre tanto em gestações monozigóticas (quando a divisão do embrião ocorre muito cedo) quanto em gestações dizigóticas.
Placenta de gestação gemelar monocorionica-diamniotica; placenta de gemeos

Os gêmeos terão o mesmo sexo e aparência?

Quando falamos de gêmeos monozigóticos, a resposta é sim: eles terão o mesmo sexo e uma aparência muito similar, já que compartilham o mesmo código genético. No entanto, mesmo nesses casos, os gêmeos não são absolutamente idênticos, pois fatores ambientais, como a nutrição durante a gravidez, e pequenas mutações genéticas podem introduzir diferenças.

Já no caso dos gêmeos dizigóticos, eles podem ser do mesmo sexo ou de sexos diferentes, e a aparência física deles pode ser tão distinta quanto a de dois irmãos nascidos em momentos diferentes.

Quais são os riscos de uma gestação gemelar?

As gestações gemelares exigem um acompanhamento médico mais cuidadoso, uma vez que apresentam alguns riscos mais elevados em comparação à gestação de feto único. Alguns dos principais riscos incluem:

  1. Prematuridade: Uma das maiores preocupações é o parto prematuro, que acontece em aproximadamente metade das gestações gemelares. Gêmeos têm menos espaço para crescer no útero, e isso pode levar a um nascimento antes das 37 semanas de gestação, o que pode implicar na necessidade de cuidados neonatais especiais.
  2. Síndrome da Transfusão Feto-Fetal (STFF): Em gestações monocoriônicas, ou seja, quando os gêmeos compartilham a mesma placenta, existe o risco da STFF, uma condição na qual o fluxo sanguíneo entre os dois fetos não é equilibrado, fazendo com que um dos bebês receba mais sangue que o outro.
  3. Restrição de crescimento intrauterino (RCIU): Outro risco comum é a restrição do crescimento intrauterino, onde um ou ambos os bebês podem não crescer adequadamente devido à limitação de espaço ou problemas na placenta.
  4. Pré-eclâmpsia: O risco de desenvolver pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada por hipertensão arterial e danos a órgãos maternos, é maior em gestações gemelares.

Vias de parto em gestações gemelares

O tipo de parto em uma gestação gemelar depende de vários fatores, como a posição dos bebês no útero, a saúde materna e fetal, e a existência de complicações. As opções são:

  1. Parto vaginal: É possível em casos de gêmeos onde o primeiro bebê (o que está mais próximo do canal de parto) está em posição cefálica (cabeça para baixo) e não há complicações significativas. Após o nascimento do primeiro bebê, o segundo pode nascer via vaginal, dependendo da sua posição.
  2. Cesárea: A cesárea pode ser indicada se o primeiro bebê estiver em posição pélvica (sentado) ou transversa, ou se houver complicações que tornem o parto vaginal arriscado. Também pode ser recomendada em gestações monocoriônicas-monoamnióticas, devido ao risco de entrelaçamento dos cordões umbilicais.

Qual é a idade gestacional ideal para o parto?

Em uma gravidez de feto único, a gestação completa dura cerca de 40 semanas. No entanto, gestações gemelares tendem a ter um tempo de gestação um pouco menor. O ideal é que o parto ocorra em torno de 37 semanas, especialmente para gêmeos dicoriônicos, para evitar o risco de prematuridade extrema. Para gestações monocoriônicas, o parto pode ser programado entre 36 e 37 semanas.

Se a gravidez for bem monitorada e houver acompanhamento adequado, a maioria das mulheres com gêmeos pode ter uma gestação saudável e alcançar o tempo adequado para o parto.

Conclusão

A gestação gemelar é um evento especial e emocionante, mas também traz desafios únicos. O acompanhamento pré-natal frequente e cuidadoso é essencial para garantir a saúde tanto da mãe quanto dos bebês. Esteja sempre em contato com seu obstetra para monitorar a evolução da gravidez e tomar decisões informadas e seguras.

Espero que essa explicação tenha sido útil para esclarecer suas dúvidas sobre a gestação gemelar. Estou à disposição para qualquer outra dúvida ou para acompanhá-la nessa jornada maravilhosa.

Atenciosamente,
[Seu nome]

Gestação Gemelar: Tudo que Você Precisa Saber

Querida paciente,

Antes de mais nada, parabéns pela gestação! Sabemos que a descoberta de uma gravidez traz muitas expectativas, e quando se trata de uma gestação gemelar, as dúvidas e os cuidados podem ser ainda maiores. Como obstetra, gostaria de orientá-la a respeito do que é uma gestação gemelar, seus tipos, como ocorre, e outros aspectos importantes que envolvem essa experiência especial.

O que é a gestação gemelar?

A gestação gemelar ocorre quando há o desenvolvimento de dois fetos no útero materno ao mesmo tempo. Essa situação é mais rara do que a gestação de feto único, mas sua incidência tem aumentado nos últimos anos, em grande parte devido ao uso de técnicas de reprodução assistida e à idade mais avançada com que algumas mulheres engravidam. O desenvolvimento simultâneo de dois bebês pode ocorrer de diferentes maneiras, dependendo de como se dá a fecundação dos óvulos.

Como ocorre a gestação gemelar?

A gestação gemelar pode acontecer por dois mecanismos principais:

  1. Gemelares monozigóticos (ou idênticos): Esses gêmeos se formam quando um único óvulo é fecundado por um espermatozoide e, durante o processo de divisão celular nas primeiras etapas do desenvolvimento embrionário, o embrião se divide em dois. Como os dois bebês vêm do mesmo óvulo e espermatozoide, eles compartilham o mesmo material genético. Dessa forma, os gêmeos monozigóticos têm o mesmo sexo e aparência bastante similar.
  2. Gemelares dizigóticos (ou fraternos): Já os gêmeos dizigóticos acontecem quando dois óvulos são fecundados por dois espermatozoides diferentes no mesmo ciclo menstrual. Esses gêmeos são geneticamente distintos e podem ou não ser do mesmo sexo. A aparência física deles também pode variar, de modo semelhante a irmãos nascidos em diferentes gestações.

Tipos de gestações gemelares

Além da distinção entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos, existem diferentes tipos de gestações gemelares, principalmente entre os monozigóticos, dependendo do momento em que o embrião se divide. As principais categorias são:

  1. Gestação monocoriônica-monoamniótica: Os gêmeos compartilham a mesma placenta e a mesma bolsa amniótica. Esse é o tipo mais raro e, por vezes, mais arriscado, devido à possibilidade de complicações, como o entrelaçamento dos cordões umbilicais.
  2. Gestação monocoriônica-diamniótica: Aqui, os gêmeos compartilham a mesma placenta, mas têm bolsas amnióticas separadas. Esse tipo de gestação é mais comum entre os monozigóticos e apresenta alguns riscos, mas a separação das bolsas amnióticas reduz a chance de entrelaçamento dos cordões.
  3. Gestação dicoriônica-diamniótica: É a forma mais comum de gêmeos dizigóticos, em que cada bebê tem sua própria placenta e bolsa amniótica. Isso ocorre tanto em gestações monozigóticas (quando a divisão do embrião ocorre muito cedo) quanto em gestações dizigóticas.

Os gêmeos terão o mesmo sexo e aparência?

Quando falamos de gêmeos monozigóticos, a resposta é sim: eles terão o mesmo sexo e uma aparência muito similar, já que compartilham o mesmo código genético. No entanto, mesmo nesses casos, os gêmeos não são absolutamente idênticos, pois fatores ambientais, como a nutrição durante a gravidez, e pequenas mutações genéticas podem introduzir diferenças.

Já no caso dos gêmeos dizigóticos, eles podem ser do mesmo sexo ou de sexos diferentes, e a aparência física deles pode ser tão distinta quanto a de dois irmãos nascidos em momentos diferentes.

Quais são os riscos de uma gestação gemelar?

As gestações gemelares exigem um acompanhamento médico mais cuidadoso, uma vez que apresentam alguns riscos mais elevados em comparação à gestação de feto único. Alguns dos principais riscos incluem:

  1. Prematuridade: Uma das maiores preocupações é o parto prematuro, que acontece em aproximadamente metade das gestações gemelares. Gêmeos têm menos espaço para crescer no útero, e isso pode levar a um nascimento antes das 37 semanas de gestação, o que pode implicar na necessidade de cuidados neonatais especiais.
  2. Síndrome da Transfusão Feto-Fetal (STFF): Em gestações monocoriônicas, ou seja, quando os gêmeos compartilham a mesma placenta, existe o risco da STFF, uma condição na qual o fluxo sanguíneo entre os dois fetos não é equilibrado, fazendo com que um dos bebês receba mais sangue que o outro.
  3. Restrição de crescimento intrauterino (RCIU): Outro risco comum é a restrição do crescimento intrauterino, onde um ou ambos os bebês podem não crescer adequadamente devido à limitação de espaço ou problemas na placenta.
  4. Pré-eclâmpsia: O risco de desenvolver pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada por hipertensão arterial e danos a órgãos maternos, é maior em gestações gemelares.

Vias de parto em gestações gemelares

O tipo de parto em uma gestação gemelar depende de vários fatores, como a posição dos bebês no útero, a saúde materna e fetal, e a existência de complicações. As opções são:

  1. Parto vaginal: É possível em casos de gêmeos onde o primeiro bebê (o que está mais próximo do canal de parto) está em posição cefálica (cabeça para baixo) e não há complicações significativas. Após o nascimento do primeiro bebê, o segundo pode nascer via vaginal, dependendo da sua posição.
  2. Cesárea: A cesárea pode ser indicada se o primeiro bebê estiver em posição pélvica (sentado) ou transversa, ou se houver complicações que tornem o parto vaginal arriscado. Também pode ser recomendada em gestações monocoriônicas-monoamnióticas, devido ao risco de entrelaçamento dos cordões umbilicais.

Qual é a idade gestacional ideal para o parto?

Em uma gravidez de feto único, a gestação completa dura cerca de 40 semanas. No entanto, gestações gemelares tendem a ter um tempo de gestação um pouco menor. O ideal é que o parto ocorra em torno de 37 semanas, especialmente para gêmeos dicoriônicos, para evitar o risco de prematuridade extrema. Para gestações monocoriônicas, o parto pode ser programado entre 36 e 37 semanas.

Se a gravidez for bem monitorada e houver acompanhamento adequado, a maioria das mulheres com gêmeos pode ter uma gestação saudável e alcançar o tempo adequado para o parto.

Conclusão

A gestação gemelar é um evento especial e emocionante, mas também traz desafios únicos. O acompanhamento pré-natal frequente e cuidadoso é essencial para garantir a saúde tanto da mãe quanto dos bebês. Esteja sempre em contato com seu obstetra para monitorar a evolução da gravidez e tomar decisões informadas e seguras.

Espero que essa explicação tenha sido útil para esclarecer suas dúvidas sobre a gestação gemelar. Estou à disposição para qualquer outra dúvida ou para acompanhá-la nessa jornada maravilhosa.

Atenciosamente,
Juliana Borelli

Leia também:

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https://drajulianaborelli.com.br/cesarea-tudo-que-voce-precisa-saber-antes-do-parto/

Fontes:

https://www.amb.org.br/files/_DIRETRIZES/via-de-parto-em-gestacao-gemelar/files/assets/common/downloads/publication.pdf

https://www.febrasgo.org.br/fluxopdf/assets/pdf/Gemelaridade-diacronica.pdf

https://www.febrasgo.org.br/fluxopdf/assets/pdf/Gestacao-multipla-monocorionica.pdf